Coimbra: Anteprojecto de reabilitação da Escola José Falcão vai ser apresentado

O anteprojecto de reabilitação da Escola Secundária José Falcão, da autoria da equipa da Universidade de Coimbra liderada por João Mendes Ribeiro e Gonçalo Canto Moniz, vai ser apresentado na reunião de Câmara de segunda-feira.

Estima-se que a obra custe 23.581.009 euros (mais IVA) e que o projecto de execução esteja concluído no prazo de 180 dias. A proposta baseia-se numa atitude respeitadora do edificado, diz-se no documento, pretendendo-se manter as suas características essenciais e, no possível, reverter ações que descaracterizaram pontualmente a imagem da escola, ao longo dos anos.

O anteprojecto mantém as funções de alguns espaços da escola e, em outros casos, são propostas modificações que visam a adequação dos espaços às actuais exigências pedagógicas e de conforto da comunidade escolar. Este documento contempla ainda as acessibilidades a todos os espaços escolares, o reforço de salas de apoio e de instalações sanitárias, a adequação da cantina e bar, do auditório e dos espaços dedicados à educação física, e, na generalidade, a melhoria das condições físicas de todas as áreas. Vai proceder-se ao reforço estrutural do edificado, que se encontra bastante degradado, fruto dos anos de utilização e da falta de manutenção.

“Com a aprovação do anteprojecto da Escola Secundária José Falcão estamos a dar um passo importantíssimo para o bem-estar de toda a comunidade escolar, e a preservar e a devolver à cidade este espaço que faz parte da memória coletiva de Coimbra – sobretudo enquanto Liceu D. João III”, sublinha a vereadora da Educação, Ana Cortez Vaz.

O projecto aponta sobretudo para os problemas estruturais da Escola, como o deficiente comportamento das coberturas e a reduzida eficiência das caixilharias, e também para a necessidade de adoptar medidas de melhoria da eficiência energética, acústica e estrutural (nomeadamente face aos riscos de natureza sísmica), para além da reabilitação da generalidade das infraestruturas (elétricas, abastecimento de águas, saneamento, drenagem de águas pluviais e superficiais, AVAC).

O anteprojecto propõe, de um modo geral, a criação de uma entrada acessível a partir da Rua Pinto Ribeiro, através de corte no muro, e criação de uma rampa, possibilitando desta forma a entrada ao nível do átrio principal. É proposto também o recuo do portão da Rua Pinto Ribeiro, abrindo espaço para estacionamento de bicicletas e criação de rampa associada à entrada sul (ginásio), dotando também o auditório de condições de acessibilidade.

Vão ser instalados três elevadores (dois, situados nas alas norte e sul, que ligam todos os pisos, e um no corpo do ginásio, onde existia uma escada, entretanto demolida), um monta-cargas e uma nova escada entre as alas norte e nascente, com acesso facilitado ao exterior, com o objectivo de permitir acessibilidade a todos os espaços – algo que não acontece actualmente – e melhorar as condições de evacuação em caso de incêndio.

No edifício C – ginásio –, será demolida parte do volume correspondente à actual cantina e volumes adossados a norte, retomando a volumetria original deste corpo edificado. O bar e o refeitório serão instalados no piso 1 da ala sul do edifício A, abrindo e fazendo a ligação entre os dois pátios. Os espaços de serviço ocuparão a antiga carpintaria e nova construção tomará o lugar de um canteiro/talude a poente, albergando também espaços de serviço e técnicos. O ginásio principal será preservado, reorganizando-se a área do palco, para permitir um uso mais abrangente, sendo os vãos rasgados à cota original. O acesso continuará a ser autónomo, possibilitando o uso por utilizadores externos.

No mesmo corpo, no piso 1, será requalificado o auditório e instalados balneários nas zonas laterais, onde actualmente se encontra a cantina (norte) e os serviços de psicologia e orientação (sul). Regista-se que esta alteração no espaço a sul, implica a supressão total da configuração interna patente nas plantas da década de 1940, funcionando aí, à data, os serviços médicos. Ainda neste edifício, no piso 2, mantém-se o ginásio secundário de maiores dimensões, onde outrora se encontrava a piscina e os atuais ginásios menores, laterais, recuperarão a função original como balneários.

Os actuais balneários, a poente deste edifício C, com condições muito deficitárias e fruto de uma ampliação pouco criteriosa, serão desconstruídos para dar lugar a um ginásio ao ar livre, função original deste espaço. O arquivo, armazenamento e oficinas ocuparão espaços do piso inferior do ginásio.

Os espaços lectivos, localizados no edifício principal, serão genericamente mantidos, com salas de aula normais nas alas nascente e poente e salas de aula específicas (salas de desenho, salas de informática, laboratórios…) nas alas norte e sul. Nestas alas norte e sul, será introduzida uma faixa ao longo de cada ala, paralela ao corredor que, à custa da diminuição de área das salas, possibilitará aumentar o número de instalações sanitárias e prover outros espaços de apoio.

Os espaços administrativos distribuem-se em dois pontos do piso 1: um, directamente relacionado com o átrio principal e nova entrada, que agrega a secretaria e os espaços de receção aos encarregados de educação (a área dedicada aos assistentes operacionais localizar-se-á, igualmente, nesta área), o outro ocupa a ala poente, com as salas de direcção e de professores, assim como as salas destinadas à educação especial.

A biblioteca, no piso 2, será reorganizada, sendo-lhe anexados espaços contíguos, ocupando a zona que lhe era originalmente destinada. No piso 3, propõe-se o desmonte do actual anfiteatro, localizado na ala norte, para o relocalizar na sala adjacente, em hemiciclo. A associação de estudantes e os clubes ocuparão, no piso 4, o espaço correspondente ao átrio principal.

Será construída uma estrutura leve (metálica) na cobertura, na ala sul, para uso como espaço de actividades lectivas de carácter informal. A casa do reitor – edifício B – será simbolicamente ocupada por espaços dedicados aos professores: bar no piso térreo, com acesso privilegiado ao exterior, e salas de trabalho no piso superior. Também este edifício verá recuperada a sua volumetria original, através do desmonte de área no canto noroeste e galeria de ligação ao edifício principal, ao nível do piso superior. Esta reorganização implicará a modificação quase total da compartimentação interna.

Serão potenciados os espaços de vivência e a relação entre os espaços interiores e os exteriores, pretendendo-se ampliar a permeabilidade dos pavimentos e o reforço do coberto vegetal, retomando as intenções plasmadas nos projectos iniciais da década de 1930. O pátio central será preservado como espaço verde com capacidade de uso (estar e atravessamento), introduzindo um espaço de transição em bancada para a cota do novo bar/refeitório. O espaço confinante com a cantina será libertado do bar precário e dotado de zonas de sombra. A alameda a nascente será simultaneamente um espaço de atravessamento e de estar, com sombra proporcionada por uma alameda de tílias e mobiliário urbano em betão.

Os espaços desportivos manter-se-ão nas actuais localizações e sem alterações significativas de uso. O campo de jogos principal verá o seu pavimento requalificado, com marcações para a prática de diversas modalidades e pista de atletismo. O campo de jogos adjacente, a cota inferior, será mais informal e permitirá outros usos, sendo ladeado por uma pequena bancada. A plantação de árvores amenizará o ambiente.

Recorde-se que o Executivo Municipal aprovou, na reunião de Câmara de 16 de Outubro, uma proposta de adjudicação à UC do projecto de intervenção e de investigação para a reabilitação da Escola Secundária José Falcão, através da assinatura de um Contrato Interadministrativo de Cooperação (CIC) com aquela entidade, no valor de 701.100 euros (IVA incluído), com um prazo de 42 meses.

Fonte: Campeão das Províncias