A Câmara de Coimbra vai votar, esta segunda-feira, a atribuição da Medalha da Cidade, Grau Ouro, a Fernando Rolim.
Com 93 anos e uma carreira musical de quase oito décadas, Rolim é um decano da Canção de Coimbra e figura central da “2.ª Geração de Ouro”, ao lado de nomes como Luiz Goes, José Afonso e Machado Soares.
“A sua voz inconfundível e a sua capacidade interpretativa única, tornaram-no uma referência incontornável”, refere-se na proposta que vai ser apresentada pelo presidente da Câmara, José Manuel Silva.
Ainda a este propósito, a Câmara de Coimbra, a Academia do Fado, da Canção e da Guitarra de Coimbra e a Universidade de Coimbra vão promover o espectáculo-homenagem “Fernando Rolim – As ondas de um mar sem fim”, que vai decorrer dia 2 de Fevereiro, pelas 17h00, na Sala D. Afonso Henriques do Convento São Francisco.
“Fernando Rolim é um dos cultores mais destacados da Canção de Coimbra e da identidade cultural da cidade. Prestigiou e elevou a Canção como manifestação viva e erudita, pela sua vivência e interpretação única no contexto cultural nacional. Prestigiou a Canção de Coimbra pelo mundo. O seu nome está impresso em trabalhos conjuntos com outros grandes nomes como António Brojo, António Portugal, Aurélio Reis e Mário Castro, com o qual fez mais gravações discográficas e com quem mais vezes actuou, além de João Bagão, Rui de Moura e Paulo Soares. Fez parte do grupo de militantes da retoma da tradição da Serenata e ensinou canto”, refere-se na proposta que justifica a atribuição da Medalha de Ouro da Cidade e da realização da homenagem.
Fernando José Monteiro Rolim nasceu, em Coimbra, a 2 de Dezembro de 1931, e foi na cidade que fez a sua vida académica, tendo concluído a licenciatura em Medicina, em 1958. Seguindo uma tradição familiar, dedicou-se, desde a mais tenra idade, ao estudo musical, tanto instrumental como o canto. Durante o percurso académico, descobriu-se o dom de uma voz inigualável. Na Tuna Académica da Universidade de Coimbra, Rolim encontrou o seu lugar, dando os primeiros passos numa jornada que o transformaria num dos maiores nomes da Canção. O estudante manteve-se sempre ligado a grupos da Academia, com que assumia o seu canto ímpar, chegando a solista do Orfeon Académico de Coimbra, e acompanhou por diversas vezes o Coral da Faculdade de Letras, então regido por Francisco Faria.
Fernando Rolim dá a Coimbra e ao mundo um legado único, em gravações discográficas, das quais se destacam: “Fados de Coimbra”, “Coimbra-Fados e Guitarradas”, “Dr. Fernando Rolim”, “Fernando Rolim”, “Fernando Rolim 2”, e o recente “Um Tempo que Não Passa… (Memórias de Coimbra)”. Participou noutros tantos álbuns: “Tempos de Coimbra – Quatro décadas de canto e guitarra”, “De Coimbra para a UNICEF” que, mais tarde, passou a CD “Saudades de Coimbra” e “Os Amigos”. De entre a sua música, salienta-se aqui a mais relevante: “Recordações”, “Maria se fores ao baile”, “Vento não batas à porta”, “Não olhes para os meus olhos”, “Ondas do mar”, “Esmeralda Verde”, “Saudades ai ó saudades”, “São tão lindos os teus olhos”, “Ao cair da tarde”, “Fado de despedida do 5.º ano médico de 1938”, “Balada do Mondego”, “Passarinho da Ribeira”, “À Meia-noite ao Luar”, “Balada de despedida do 6.º ano médico de 1958”, “Adeus ó Vila de Fornos”, “Sonhar contigo ó Coimbra”, “Balada do Crepúsculo” e “Feiticeira”.
As distinções honoríficas têm por finalidade “homenagear, publicamente, pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, que contribuam para a elevação e dignificação de Coimbra, bem como aquelas que se distingam dos demais pelo seu reconhecido mérito, prestígio, cargo, acção, serviços ou contributos em prol da comunidade”. “Reconhecendo o mote de 93 anos de vida deste amante de Coimbra e promotor da sua arte”, é proposto atribuir a Medalha de Ouro da Cidade de Coimbra a Fernando Rolim como o maior reconhecimento e gratidão.
Fonte: Campeão das Províncias
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